A tarde segue e ao longe, se veem avezinhas desmioladas, do alto das arvores ao arrulhar na calçada;
Estão descontentes com o pleito
que houve na floresta, brincam de amotinadas, piam no Alvorada;
Ah a passarada, organizadas num só cantar, desapontadas;
Ah a passarada, do bater
de asas ao andar desengonçado pelas ruas, fingindo serem de rapina, de
emboscada;
[Confusão]
Descontentes com o vento a
soprar sob suas asas, fazem barulho;
Cansadas do voo livre, clamam
por gaiolas com orgulho
Avezinhas descuidadas, voam
perto chão, esperam ansiosas pelo som do elástico na ponta da forquilha;
Inocentes ou estúpidas,
voam perto demais dos predadores, parecem querer a armadilha;
[Tensão]
Eles estão ali, aplaudindo,
como quem gosta da brincadeira;
Estão ali e nas mãos,
pedras e atiradeira;
É estranho ouvir uma outra
ave pedir que lhe cortem as asas, que lhe tirem a liberdade;
É assustador ouvi-las,
tanta inequidade;
É estranho ouvir uma outra
ave piando assim;
É estranho contemplar o
por do sol daqui do céu, e imaginar que o que lhe é caro tenha um fim.
Denis
Eduardo