quinta-feira, 4 de julho de 2013

Tarde de velório

Foi naquela tarde fria;
Que nóis foi dá adeus ao pobre Jeremia;
Foi naquela tarde fria;
Que nóis foi dá um tchau pra face que não sorria;

Tava nóis tudo lá;
Eu, o João e a família e as fofoqueira com história pra contá;
E o pobre do Jeremia, nem pra escuitá;
Mas nóis tava lá.

Era tarde chique com o circo na cidade;
Era tarde. E o povo, rindo da própria calamidade...
Era tarde!
E os Coroner de terno fino, rindo a vontade;

Mas pra nóis, era tarde de velório.
Era tarde!
Na cidade, nem se quer um casório;
É verdade...

O povo todo tava lá, acompanhando a carreata;
O povo todo chorando. E o único que ria, era o magnata;
ÔÔ pobreza ingrata;
Eita nó na barriga que só a fome desata;


... Tão dizendo por aí, que em tarde de velório não se faz passeata;
Tão dizendo que nóis, o povo, reclama de barriga cheia;
É difícil concorda se nóis não come nem aveia...
É difícil não olhar pra mesa alheia;


Foi numa tarde de velório;
Que o povo deixou de ser burro pra ser irrisório;
Tão dizendo por toda a cidade;
Que o povo não aceita mais essa tal de impunidade;

 
Eu vi na TV que os menino tava com a cara pintada;
Gritando na rua: “Chega de palhaçada!”
Eu vi nas rua, o povo cantando o hino;
Eu vi nas rua, um povo magro, mas não franzino.
 

Mas afinar, quem sou eu?
Eu, sou o povo heroico, num brado retumbante;
Que não quer mais sorrir pra foto na estante;
Eu sou uma voz entre outras mil;
Sou um dos filhos deste solo, mas que se cansou de ser gentil.
Ó... Pátria amada, Brasil...