domingo, 23 de dezembro de 2012

Meninos, Pão e Céu



O que dizer sobre meninos com pouca altura?

O que dizer dos calos na mão que mostram bravura?

Meninos que levam a vida com enxadas na mão;

Meninos que alimentam a própria inanição;

 

Meninos teimosos que abandonam suas mães em luto;

Almas que chegam e se vão sem sequer provar do santo fruto

Meninos que provam a fome na aridez do sertão;

Mães que choram os ossos sob a pele sem vida, resignação;

 

Meninos que não verão a fase adulta;

Meninos que pagam por crimes sem culpa;

Pequenas almas que têm na fome o algoz fiel;

Meninos que no leito de morte, nos braços da mãe, perguntam se há pão no céu;

 

Denis Eduardo

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Parte de mim


Estou aqui! Mesmo não estando em mim, estou aqui;

Ainda sou eu, mesmo sem saber o por que, estou aqui;

 

Todas elas, a cada sussurro roubado, parte de mim.

Vozes doces, de pele macia, o sangue quente, parte sem fim;

 

Foram e serão tantas outras linhas rabiscadas no velho caderno ainda em branco, descritas em mim;

Sob outros panos, com os mesmos enganos, parte de mim?

 

Desconstruam as lembranças empilhadas ruindo dentro de mim;

Saiam agora! Sequer olhem pra trás, é só mais um fim;

 

Estejam vivas, rimas em minha poesia;

Venham, é preciso viver de modo impreciso, mas sem heresia;

 

Sejam o todo que constrói, digam que sim;

Vivam teu eu em meus versos, esvaziem o frio que há em mim;
 
Parte de mim.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Tanto faz


Um pouco menos;

Bem menos e ainda mais;

Seja você mesmo, vá além e volte atrás;

 

Vá diga o que pensas;

Queira, lute, brade por tudo aquilo que não te satisfaz;

Seja incapaz.
 


Levante os braços;

Serre os punhos, siga adiante;

São seus sonhos, descarte-os, é insignificante;

 

Siga em frente;

Retire as pedras, queira, não desista agora;

Respire fundo, é noite quase Aurora.


 
O fim está próximo;

Continue, é assim que se faz;

Há algo mais... além;


 
O fim está próximo;

Mostre tudo o que fez;

Construa ou desmonte, afinal, TANTO FAZ.

 
Denis Eduardo