domingo, 21 de abril de 2013

4 Mãos


De volta ao princípio, à criação;
Erguer novos monumentos;
Construir uma poesia a quatro mãos;

Dividir a caneta e cada verso em criação;
Trazer à tona antigos amuletos;
Reescrevendo o fim antes da concepção;

Uma pausa; fechar os olhos à destruição;
Versar sobre tempo-espaço;
E onde os afetos se encaixam nessa imensidão?


A verdade está oculta desde a sua concepção;
Correremos nas ruas gritando, adultos, fetos;
E do que falaremos, será contradição!

 
Denis Eduardo & Iberê Rodrigues  

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Simplicidade

 

Eu e você, nós dois.

Um algo mais, depois;

Deitados sob os lençóis;

                          ...A sós!

Hoje à noite



Vamos musicar esse momento;

Vamos tratar com melodia todo esse tormento;

Vamos nos deitar esperando o sol se por;

Vamos nos abraçar, nos desfazendo em amor;

 

Se estamos à beira do fim;

Se nossos braços não se cruzam mais, que seja assim;

Se até mesmo o céu se pôs contra nós;

Se as chamas não queimam mais quando estamos a sós;

 

Pra onde correremos?

Onde nos esconderemos?

Nossos passos nos levam para lados opostos;

A Terra se move nos deixando expostos;

 

Pra que tudo isso, o que queremos provar?

Nossas vidas sempre estiveram separadas, não do que nos privar;

Vamos apenas nos deitar, sentir pela última vez o tempo correr;

Fechando os olhos esperando um outro alguém morrer;

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Palanque de um homem só


Vamos vestindo nossa melhor toga;
Vamos fazer um discurso;
Rabiscar em papel de pão nossas ideias em curso;

 
Fingindo indignação, vamos à forra;
Vamos caminhar pelas ruas entoando um verbo forte;
Atirar contra nosso opressor, contra a própria sorte;
 

Beijar os rasgados, os sujos. Vamos ao baile;
Reunir na praça pública nossas crianças;
Alimentar com mentiras hipócritas a sua esperança;

 
Vamos levar seu voto;
Vamos distribuir alegria;
Somos assim, vocês nos querem assim aceitando a letargia;

 
Nesse jogo, as peças estão marcadas;
Lhes estenderemos a mão;
São vocês contra nós, não há escolha. Só sua rendição;

 
Nosso sorriso largo já esta a postos;
Vamos juntos às urnas, expressar a sua humilhação;
Serão apenas outros poucos anos antes da sua inanição;

Se puder

 

Se puder dizer, me diga agora;

Se der, me de seu coração;

Se der, faça rima, poesia ou uma intenção;

 

Mulher me diga a hora;

Me de a direção;

Me mostre o norte de teu peito, a perdição;

 

Me beija a boca;

Me diga que sim, talvez, ou apenas que não;

Me ajude, estenda a mão;

 

Me queira o corpo;

Me deite no chão;

Mulher seja forte, quando eu for a inanição;

 

Sou homem que chora;

Sou a voz que ora em busca de perdão

Sou eu, a pena a espera do refrão;

 

Me mostre o teu caminhar;

Me diga, assim baixinho;

Sussurre em chão de terra o caminho;

 

Me diga!

Diga o que nos inspira, quem somos, me de a razão; 

Mas não diga nada se fores apenas a imaginação;