sábado, 9 de maio de 2015


Vertigem

Na vertigem do dia a alma corre solta por entre becos estreitos;
A vaidade se cansa da beleza dos próprios feitos;
O suicida se depara com a dúvida no parapeito do mundo;
A audácia hesita ao risco de ir tão fundo;

A virgem justifica o édipo sem ter um amante;
Chronus sacia a fome dos filhos que correm contra o tempo num instante;
Narcisos ignoram a outra face sem reflexo;
Sócrateses se calam filosofando sobre a ausência do ser sem ser complexos;

O violinista traduz à física uma nova nota na teoria das cordas;
A criança corre pela Terra semeando rosas mortas;
Ateus rogam a Deus o fim do próprio inferno;
A humanidade brinda a chegada da escuridão do dia ébrios no calor do inverno;


Denis Eduardo