domingo, 8 de janeiro de 2023

Passarada

A tarde segue e ao longe, se veem avezinhas desmioladas, do alto das arvores ao arrulhar na calçada;

Estão descontentes com o pleito que houve na floresta, brincam de amotinadas, piam no Alvorada;


Ah a passarada, organizadas num só cantar, desapontadas;

Ah a passarada, do bater de asas ao andar desengonçado pelas ruas, fingindo serem de rapina, de emboscada;

 

[Confusão]

Descontentes com o vento a soprar sob suas asas, fazem barulho;

Cansadas do voo livre, clamam por gaiolas com orgulho

 

Avezinhas descuidadas, voam perto chão, esperam ansiosas pelo som do elástico na ponta da forquilha;

Inocentes ou estúpidas, voam perto demais dos predadores, parecem querer a armadilha;

 

[Tensão]

Eles estão ali, aplaudindo, como quem gosta da brincadeira;

Estão ali e nas mãos, pedras e atiradeira;

 

É estranho ouvir uma outra ave pedir que lhe cortem as asas, que lhe tirem a liberdade;

É assustador ouvi-las, tanta inequidade;

É estranho ouvir uma outra ave piando assim;

É estranho contemplar o por do sol daqui do céu, e imaginar que o que lhe é caro tenha um fim.

 

                                                                Denis Eduardo

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