sábado, 18 de maio de 2019

O que não se pode ver

O ar que sopra à nossa volta;
O mesmo ar que se enfurece e bate à nossa porta;
Que molda as montanhas e acaricia as ondas;
No faz tremer brincando de assoviar nas sombras;

A fé que nos toca quando as mãos estão postas;
A mesma força que nos da as costas;

O que não se pode ver;
Tudo aquilo em que não se pode crer;
Um algo bobo;
Um algo a mais que nos guia ao engodo;

O que não se pôde ver;
Que fez então a chama parar de tremer;

Força [sussurros]

E no fim, o que se fez entender.

                                                                     Denis Eduardo

sábado, 19 de janeiro de 2019

Caos Criativo


O tempo passou e minhas mãos permaneceram inertes sem narrar as vidas que passaram pela minha;
O tempo se arrastou para longe levando consigo os versos que caberiam nessa linha;

Estive cético, desprezando as ideias que explodiam à minha frente;
Me mantive alheio à tempestade de vozes que sussurravam aos berros, falácias que não mentem;

Elas estão de volta, à minha volta;
E o todo flui; 

Sombras ou cores todas de uma só vez, não um mero lampejo;
É preciso escrever, descrever como as vejo; 

Fecho os olhos - mais uma vez juntos, o racional e o instintivo;
O grafite corre e percorre o papel em branco, é preciso ordenar todo esse caos criativo;

                                                                                    Denis Eduardo

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Meu eu e ela

Sobre a primeira vez que me deparei com sua pele branca sob o cabelo vermelho;
Sobre todas as vezes que me perdi obcecado pela beleza dessa criança em frente ao espelho;
Sobre os fios de cabelo que um dia perderei;

Sobre qualquer linha em papeis de pão tentando consertar o que ainda não errei;
Sobre as marés e seu efeito sobre mim;
Sobre todas as vezes que me esqueci que você irá à diante, evitando que eu chegue ao fim;

Sobre as noites e suas notas concertando a sonata do homem que não serei;
Sobre qualquer verso ou prosa que ainda não rimei;
Sobre os ciclos da lua;

Sobre todas as vezes que me perdi percorrendo o mundo a vendo crescer ao atravessar a rua;
Sobre os fios de cabelo branco em minha cabeça;
Sobre todos os versos sem graça ou intrincados, esperando que você jamais me esqueça;

                                                                         Denis Eduardo

sábado, 22 de abril de 2017

Olhos atentos

Os fios brancos na minha cabeça são a prova de que o tempo está passando;
... as linhas se desenrolaram sob a ponta do grafite;
Tantos outros versos se acumularam sem sequer perceber que estiveram sob a vigilância da sua atenção;

Novos versos iam e vinham nos hiatos da minha imaginação;
Velhos traços e a mesma sombra de sempre a acompanhar minha agitação;
Lá ia eu e mais uma vez, sob a mira da sua atenção;

Sim, nós envelhecemos. E pensava ela que não a percebia, mesmo fraca estava ali, de prontidão;
Desde pequenos roedores, as sombras na minha escuridão;
Sua postura robusta afastava pra longe o mal que tentava assombrar sua família, sua por adoção;

Minha segurança agora está por um fio;
Se o que disseram tantas outras vezes for verdade, “ela zela por você”, já sinto um calafrio;

Sentirei sua falta!
Não ouvirei mais o alarme único dos seus passos ao meu encalço;
Não a terei mais como o olhar atento que por tantas vezes me alertou sobre um passo em falso;

Seus olhos fraternos não vigiarão por mim, não mais;
Se hoje meus passos a guiaram ao fim, me desculpe. [suspiro] Foi para que você estivesse em paz;

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Minha pequena

Minha pequena;
Pele branca escondida sob cachos rubros;
Um novo encanto e a hipnose em seus olhos escuros;

À luz da pouca idade;
Às sombras das incertezas sobre a vida que se desenrola ou sobre o que é verdade;

Minha menina;
Minha pequena;
O esboço ou um capricho do meu estratagema?

São pequenas as sardas em sua pele;
São incontáveis as vezes que me flagrei fitando sua beleza;
São certos, todos os pensamentos nessa minha incerteza;

Minha pequena;
Que já não é tão pequena assim;
Novos passos, novos planos, tudo o que é certo ou incerto sobre ela, se desenha dentro de mim;

E quanto a mim? Um pobre homem que brinca com rimas;
Não rabisca novas linhas ou versos sem fim;;
Desenho apenas rascunhos sobre um amor que não chegará ao fim.


Denis Eduardo

domingo, 25 de outubro de 2015

Pseudônimo

Os tomarei como meus, os levarei comigo.

Sob o pseudônimo “homem”, regerei a humanidade;
Farei das minhas asas, as forças da sua perversidade;
Queimarei aqueles que duvidarem do meu poder;
Porei de joelhos todos os fracos que em mim não querem crer;

De escuridão e chamas se farão meu novo mundo;
Em sangue e ódio, todos cairão bem fundo;
Minhas forças estão ocultas em cada ato egoísta;
Minha figura se esconde nas sombras estando sempre à vista;

Meu caminho é plano e minha mão é leve;
Meus ritos estão na pele do homem que as descreve;
Estenda a mão. Aceita minha sugestão;
Venha! Minhas forças não terão fim e antes do fim, todos se ajoelharão;

Serei sua mão mais forte;
Serei tudo além da lâmina que provoca o corte;
O dedo no gatilho;
A dor da mãe que chora o sangue do filho;

Ditarei seu discurso mais envolvente;
A força do verbo, a mentira mais eloquente;
Serei frio sob as próprias chamas, o calor que guia as massas que não temem ver;
Fui a cruz, a espada, cada lágrima desperdiçada;

Sob o pseudônimo “homem” conduzirei uma nova era;
Farei das minhas mãos a batuta que conduz uma nova guerra;
Queimarei a todos, lavarei a terra em sangue, me mostrarei sob novas bandeiras e falsas alegrias;
A dúvida, a febre, o pranto, a dor, o ouro, o orgulho, o ego, a cobiça, a ira, tudo aquilo que transformarei em ironia;

Escuridão

          

domingo, 11 de outubro de 2015

Nada

Não há nada além de
Realidade mítica e subjetiva,
Amalgama
Desconhecida,
Acaso do caos
Deus da chuva que enxuga as gotas no céu de tempestades;

Banalidade típica dos que vão além,
Frívolos
Tambores rítmicos,
Ordem descomedida
As nuvens no céu,
Um deserto que engole almas causando a eternidade;

Beleza velada em cada gesto de amém
Terra,
Trovões e línguas de fogo
Eco,
O som do vácuo
As mãos tremem, não há escrita ou verbo que excita;

Não há nada além
Ausência
Adeus,
Horror
Escuridão em cada chama acesa
Nem mesmo o nada lhe convém;